Friday, November 17, 2006

Estudantes em protesto




in JM a 17-11-2006

Escola Secundária da Ponta do Sol amanhece fechada a “sete chaves”

Estudantes em protesto

Rui Anacleto disse ao JM que a Secretaria Regional de Educação está a dar instruções a todas as escolas para que não permitam, de maneira nenhuma, situações como a ontem registada na Ponta do Sol. A maioria dos alunos não pode ser prejudicada e deixar de ir às aulas.


A Escola Secundária da Ponta do Sol amanheceu com todas as suas portas fechadas a cadeado. Ninguém sabe quem foi o autor da “proeza”. O Conselho Executivo desconhece, inclusive, quais as razões para tal acto. O JORNAL da MADEIRA esteve no local e falou com alunos e com a vice-presidente do Conselho Executivo.

Os primeiros, com medo de represálias, não quiseram identificar-se mas lá foram dizendo que tomaram conhecimento da “greve” de alunos através de mensagens pelo telemóvel, por e-mail ou por messenger. Disseram-nos desconhecer quem colocou os cadeados nas portas daquele estabelecimento de ensino mas garantiram que os responsáveis da escola já sabião que iria haver greve e quais os motivos da mesma: descontentamento com os horários “carregados”, insatisfação com a forma como decorrem as aulas de substituição e valores de propinas que, quando chegarem à universidade, vão ter de pagar.

Ou seja, os alunos estão a protestar contra algumas situações do seu dia-a-dia mas também já manifestam o seu descontentamento relativamente a problemas que ainda não enfrentam mas que surgirão quando deixarem aquela escola e seguirem o ensino universitário.

Margarida Relvas, vice-presidente do Conselho Executivo, garantiu ao JM que «ninguém conhecia as razões da greve». «Ouvia-se conversas entre os miúdos, boatos. Mas nada que levasse a pensar que chegariam a estes extremos».

A colocação dos cadeados nas portas ocorreu já depois da meia-noite, uma vez que há ensino nocturno naquele estabelecimento de ensino. Às 6 horas e 45 minutos, quando o funcionário que tem a seu cargo, a abertura dos portões, chegou ao estabelecimento de ensino, de imediato, entrou em contacto com a presidente do Conselho Executivo, a qual encetou esforços no sentido de a situação voltar à normalidade o mais rápido possível. A PSP foi chamada ao local, sendo que teve de intervir no sentido de afastar os alunos que se foram amontoando na rua. Pelas 8 horas e 20 minutos, já os cadeados tinham sido retirados e as aulas começado. Mas, segundo nos contou Margarida Relvas, alguns alunos só voltaram às aulas pelas 9 horas e 30 minutos, pelo que tiveram falta de presença. Esta situação afectou cerca de 450 a 500 alunos que frequentam aquela escola na parte da manhã, sendo que o total de discentes é de mil e cem.

Os alunos da Ribeira Brava tam bém se manifestaram contra as aulas de substituição, mas de uma forma mais ordeira.

Punição para os autores

O director regional de Educação desconfia que o protesto realizado ontem na Escola Secundária da Ponta do Sol tem fins político-partidários. Em declarações prestadas ao JORNAL da MADEIRA, Rui Anacleto explicou que a sua suspeita tem origem no facto de, ainda na semana passada, mais concretamente na quinta-feira, a JC ter apelado à concentração dos jovens em frente à Secretaria Regional de Educação, num protesto contra aulas de substituição, exames e outras questões.

Até agora, e conforme nos garantiu o director de Educação, não se sabe quem colocou os cadeados na porta da escola mas Rui Anacleto garante que, caso venha a conhecer-se o/ou os autores, «haverá punição». «Ainda não sei qual será o castigo, mas que a situação não vai ficar em branco, lá isso não vai», adianta.

Quanto aos factos que levaram os alunos da Ponta do Sol a protestar, lembra ainda «que as aulas de substituição são uma medida tomada a nível nacional, os exames são também nacionais».

A Secretaria de Educação ainda “dourou a pílula” no que toca às aulas de substituição, possibilitando aos alunos de irem para uma sala de estudo ou para a biblioteca.


Carla Ribeiro

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