Wednesday, March 07, 2007

Ex-tesoureiro desconhecia as transacções na Bolsa

Foi ontem ouvido o ex-tesoureiro da CAPFM que, em 2002, foi afastado por Fernando Gonzalez.


in DN a 06-03-2007


Ex-tesoureiro desconhecia as transacções na Bolsa


"Era tudo feito nas minhas costas", disse Manuel Abreu, ex-tesoureiro da CAPFM, testemunha da acusação


O inspector da Polícia Judiciária que coordenou a investigação e o ex-tesoureiro da Cooperativa Agrícola dos Produtores de Fruta da Madeira (CAPFM) entre 1997 e 2002 foram ouvidos, na qualidade de testemunhas da acusação, no Tribunal de Vara Mista do Funchal, na segunda sessão de audiência do julgamento do caso de alegada gestão danosa naquela cooperativa. "Era tudo feito nas minhas costas e eu não tinha conhecimento de nada", respondeu Manuel Máximo Abreu, ex-tesoureiro da CAPFM, sobre o motivo pelo qual deixou de integrar as listas da direcção candidata às eleições em 2002, sendo na altura substituído pelo próprio filho, da confiança de Fernando Gonzalez. Garantiu também ter sido "o último a saber" da compra de cerca de seis mil acções da 'Jerónimo Martins', cotadas em Bolsa (a 39,26 euros cada), que a CAPFM investiu, em Fevereiro de 1999. Disse que o montante transaccionado foi, na altura, de cerca de 25 mil dos 75 mil contos (na moeda antiga), provenientes da venda de um armazém que a CAPFM detinha em Odivelas. Manuel Abreu acrescentou que só teve conhecimento da aquisição quando "as acções já iam lá em baixo". Na altura, Fernando Gonzalez manifestou-lhe a intenção em vender as acções, facto ocorrido em 28 de Abril, quando os valores estavam em queda (19,50 por acção), resultando numa perda de quase 60 mil euros, segundo a acusação.

A defesa do arguido Fernando Gonzalez lembrou que, à luz dos estatutos, basta a assinatura de dois dos membros da direcção (um dos quais obrigatoriamente do presidente) para que a decisão seja vinculativa. "Nada diz em relação ao tesoureiro", concluiu. Terá sido Fernando Gonzalez e Gabriel Caldeira, ex-'vice' da CAPFM, já falecido, a dar essa ordem.

Actualmente em prisão preventiva, Fernando Gonzalez, pronunciado da prática de sete crimes, é um dos oito arguidos constituídos. O julgamento prossegue no dia 19, às 9 horas, com a inquirição de mais testemunhas arroladas pela acusação.


Ricardo Duarte Freitas

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