Monday, September 11, 2006

“Via-expresso” para os Canhas é essencial

Rui Marques, presidente da Câmara da Ponta do Sol, aponta uma obra essencial para o concelho

“Via-expresso” para os Canhas é essencial

in JM a 08-09-2006


Rui Marques, o jovem presidente que comanda os destinos da Câmara Municpal da Ponta do Sol, admite que a Câmara ainda enfrenta algumas dificuldades, em virtude dos últimos acontecimentos que ali se passaram. Contudo, mostra-se confiante de que o trabalho da sua equipa, rapidamente, trará novos investimentos à Ponta do Sol.




Jornal da Madeira - No dia em que se assinala mais um aniversário, como descreveria o concelho e que Ponta do Sol deseja para o futuro?
Rui Marques - A Ponta do Sol atravessou, ainda há pouco tempo, uma época conturbada. Tem vindo a recuperar e temos sentido que as pessoas estão mais satisfeitos. É claro que, a partir do momento em que o gabinete do urbanismo começou a funcionar dentro da normalidade, os processos deixaram de estar tanto tempo parados, para grande satisfação da população. É claro que, para o futuro, quero colmatar algumas das carências do concelho em termos de rede viária, principalmente, aqueles pequenos alargamentos de veredas que as pessoas anseiam mais, neste momento. A rede viária principal já está, praticamente, realizada, faltando apenas uma ou duas obras de grande importância para o concelho. Relativamente a outras infra-estruturas, considero que se torna necessário acabar o trabalho de colocação da rede de esgotos e a renovação da rede de água potável. Temos ainda as obras resultantes do contrato-programa com o Governo Regional como, por exemplo, o lar de terceira idade da vila e o centro de dia na Lombada da Ponta do Sol. Temos também, para a Madalena do Mar, um centro social e uma outra grande obra que é a nova variante. Já nos Canhas, temos o melhoramento da estrada de acesso entre a vila e os Canhas.

JM - Nos últimos tempos, têm surgido na Ponta do Sol alguns investimentos que deram cara nova ao centro da vila como, por exemplo, a frente mar. Essas obras têm revelado ser uma mais-valia para o concelho?
RM - Têm. Mas, para além dessa, posso referir também o pavilhão, porque a Ponta do Sol carecia de um recintodesportivo deste tipo. As piscinas também têm tido grande procura. Não podemos esquecer que a promenade da Madalena tornou-se um local aprazível, quer para quem vai para a praia quer para os passeios de fim de tarde. Temos tido, efectivamente, obras no concelho que se têm revelado grandes valias quer para as freguesias, quer para as populações.

Melhoria substancial transforma estrada
para os Canhas numa espécie de “via-expresso”


JM - Qual a obra que mais anseia no imediato?
RM - Sem dúvida, o novo acesso da vila até aos Canhas. Uma obra que eu considero de extrema importância. Os Canhas é uma freguesia com uma grande densidade populacional e em grande desenolvimento, quer ao nível da agricultura, quer ao nível de empresas e comércio. Basicamente, seria fundamental o melhoramento daquele acesso.

JM - Nesse sentido, perspectiva-se que alguma coisa possa vir a acontecer?
RM - Está tudo em estudo, sendo que há alternativas ao projecto inicial. Primeiro, falou-se no melhoramento da estrada que existe, mas sei que há estudos para a execução de uma melhoria substancial da mesma, ficando esta as características de uma via expresso. Serão feitas grandes correcções e uma obra volumosa, sendo que tudo se deverá iniciar em 2007. A meu ver, é a melhor forma de reduzir distâncias, apesar do desnível acentuado de cotas entre a vila e os Canhas.

JM - Que outras obras poderão avançar em breve, quer em termos de contratos programa com o Governo, quer por iniciativa da Câmara?
RM - Em parceria com o Governo, vamos avançar com as obras do jardim Municpal, junto à rotunda. Temos o mercado municipal que ficará incluído na expansão da vila para o norte. Há ainda o centro social da Madalena do Mar e queremos ver, também, se ainda conseguimos, ao abrigo dos contratos programa, incluir mais uma ou outra estrada.

JM - Depois os investimentos na frente mar, que outras obras falta executar na vila?
RM - Eu tenho o sonho de dar uma nova imagem à Avenida do Mar, de modo a que as pessoas possam vir mais vezes ao centro da vila. Gostava de ali criar atractivos, mas também temos de ver que tipo. Sabemos que o espaço é curto, pelo que terá de ser uma coisa bem pensada e elaborada.

JM - Considera que a Ponta do Sol é, hoje, um concelho atractivo para a fixação de novas pessoas ou, à semelhança de outros, é um concelho rural em envelhecimento? RM - Por acaso, somos um concelho que está a conseguir fixar pessoas. Têm sido construídos alguns apartamentos privados, o que faz com que jovens casais se fixem aqui no concelho. No futuro, a previsão é para que isso continue a acontecer. A própria Câmara tem objectivos definidos no sentido de avançar para a habitação a custos controlados, quer através de privados quer em parceria com a IHM.

Investidores vão voltar
a ganhar confiança com a revisão do PDM


JM - Em função dos acontecimentos que se passaram no concelho, mais concretamente na Câmara, nota que houve algum receio em investir na Ponta do Sol? RM - É claro que o que aconteceu afectou, um pouco, o investimento. Agora, também acredito que, com o passar do tempo, os investidores vão voltar a ganhar confiança e, continuamente, apostar no concelho.

JM - Há evidências dessa retoma da confiança?
RM - Temos prevista a revisão do PDM. Com essa situação, acredito que vão aparecer novos investidores.

JM - Para quando essa revisão?
RM - A revisão é para estar pronta nos primeiros meses do próximo ano. É uma situação vital para o concelho, visto que temos uns pequenos pormenores que são fundamentais que necessitam de ser revistos. Até como forma de também retirar qualquer suspeita.

JM - Ultimamente, têm surgido interessados em investir no concelho?
RM - Há intenções. Várias pessoas têm falado comigo, só que estão a aguardar pela revisão do PDM.

JM - Quais os pontos que considera ser urgente rever?
RM - O anterior PDM foi elaborado com base numa cartografia antiga. Neste momento, temos estradas que não estão incluídas no PDM, estradas essas fruto do investimento privado para a construção de moradias e outras coisas mais. São esses pequenos pormenores que temos quer rever, assim como limar algumas pequenas arestas relativamente à delimitação de determinadas zonas. Não podemos ter, por exemplo, numa mesma estrada, espaços consolidados com um índice de construção de 1,5 e ter, logo a seguir, uma zona agrícola em que o índice de construção é nulo. Ou seja, há aqui um desfazamento muito grande entre uma zona e outra. É preciso coordenar tudo isto e estruturar de forma a que as diferenças entre uma zona e outra não seja tão grande.

JM - Recoloco a questão: para quando essa revisão do PDM?
RM - O levantamento da situação tem sido feito ao longo dos últimos meses e o gabinete técnico tem apontado diversas questões. Posso avançar já que estamos a trabalhar na elaboração do relatório de justificação, sem o qual não poderemos abrir o processo de revisão do PDM. É nossa intenção ter esse documento pronto em Novembro para dar início ao processo.

JM - Enquanto autarca, e em tempo de aniversário, qual o presente que mais ansiava para o seu concelho?
RM - Há tanta coisa que gostaria de ter. Mas, desde que eu sinta por parte da população amizade, carinho e compreensão, já fico satisfeito. Mas, sabe, sonhar não é proibido. O problema é que, devido à conjuntura nacional, por vezes, os sonhos ficam um pouco mais distantes. Espero, no dia-a-dia, com o meu trabalho, poder ir ao encontro das necessidades da população e, dentro das possibilidades, fazer o melhor pelo concelho. É esse o meu objectivo, pois vejo a política como um meio de servir.

Arrumar a casa para depois
mostrar trabalho


JM - O orçamento para o ano em curso foi satisfatório, tendo em conta o trabalho que estava programado?
RM - O nosso orçamento para este ano rondou os 14 milhões de euros. Sabíamos que havia alguns encargos que foram assumidos pela anterior vereação que tiveram de ser introduzidos no orçamento deste ano. Como tal, procuramos organizar a Câmara, arrumar a casa e, a partir deste ano, começar a fazer aquele trabalho mais visível e menos de gabinete.

JM - Em termos culturais, a Câmara tem vindo a fazer uma grande aposta. Algumas das iniciativas constituem, hoje, cartazes turísticos bem conhecidos. Será para manter esta aposta?
RM - Sem dúvida. A nível desportivo, consideramos que o nosso concelho saiu dignificado, quer com o futebol, quer com o ténis de mesa. Agora, a aposta da Câmara terá de passar pela cultura. Temos o grupo folclórico que tem desenvolvido um excelente trabalho, tanto na recuperação de tradições como também na divulgação do nosso concelho. Não tenho palavras para descrever o quanto a Ponta do Sol e a sua população agradece todo este trabalho. Além deste, começam a surgir outros agrupamentos, como o grupo de saxofones e também do Grupo Coral que pondera a criação de uma secção infantil, a exemplo do que já se passa como o folclore. Penso que é uma boa aposta no sentido de perdurar as nossas tradições. Posso dizer, também, que, este ano, a Câmara atribuiu a todas as associações culturais mais de 400 mil euros em apoios. A este pormenor, há que esquecer que dispomos do centro cultural, que dispõe de um auditório, que dá a todos estes grupos condições excelentes para desenvolverem o seu trabalho.

JM - Qual será a tónica do seu discurso, durante a cerimónia do dia do concelho?
RM - Vai basear-se no trabalho que tem vindo a ser feito nestes últimos meses, embora também vá falar sobre um pouco de tudo. Do apoio do Governo Regional, dos contratos programa que são fundamentais para o presente do concelho, da nova lei das finanças locais e também do futuro.

2006 é um ano
para preparar futuro


JM - Que balanço é que faz destes seus primeiros 10 meses à frente dos destinos da Câa Municipal da Ponta do Sol?
RM - Como é sabido, o meu currículo político era praticamente nulo. Foi preciso fazer um período de adaptação, de aprendizagem e de adquirir conhecimentos no dia-a-dia. Aprendi com muitas pessoas, principalmente, com funcionários antigos que me têm dado bastante apoio. E temos feito um trabalho de base que vai servir de sustentação para os diversos projectos que nós temos previstos para o concelho. Como tenho vindo a referir, 2006 é um ano de contenção. É um ano para preparar o futuro e penso que vamos colher frutos dentro de um a dois anos.

JM - Neste caso, houve necessidade de aprender depressa e bem…
RM - Exactamente. O óptimo seria chegar à Câmara, fechar as portas, arrumar a casa e começar do zero. Mas, como não podemos parar, tivémos que dar seguimento ao trabalho e ir aprendendo aos poucos no dia-a-dia.

JM - Quais as maiores dificuldades que sente?
RM - Temos ainda algumas dificuldades na parte do urbanismo e o gabinete técnico ainda está com algumas carências. Continuo com dois técnicos e um fiscal suspensos, o que nos obriga a uma ginástica no gabinete para tentar segurar todas as pontas. Mas, julgo que temos conseguido colocar o trabalho em dia e o trabalho está em velocidade cruzeiro, neste momento.

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