No próximo dia 3 de Maio em louvor de São Tiago
Canhas celebra festa do seu primeiro patrono
in JM a 29-04-2007
A iniciativa pertence ao Pe. António Paulo, pároco dos Canhas que a propósito nos referiu que «com a edição deste pequeno livro queremos elucidar a população dos Canhas, e não só, de algo que é relevante para a história da freguesia».
Naquele livro o prof. Gabriel de Jesus Pita, que é natural dos Canhas, refere que «de acordo com o testemunho de Gaspar Frutuoso, escrito em 1590, com o título Saudades da Terra, a capela de São Tiago, nos Canhas, constituiu a primeira manifestação do culto público a S. Tiago (Menor), na Madeira. Efectivamente, na página 89 desta obra, editada em 1979, pelo Instituto Cultural de Ponta Delgada, pode ler-se: «Aqui se tornou o capitão a meter nos batéis e chegou até uma ponta, que se faz abaixo uma légua, que entra muito no mar, e, porque na rocha, que está sobre a ponta, se enxerga de longe e se vê claro uma veia redonda na mesma rocha com uns raios que parece sol, deu-lhe nome o capitão a Ponta do Sol, onde também traçou uma vila, que depois se fundou, a primeira de sua jurisdição. (...) Daqui tornou o capitão a caminhar por terra, a cavalo, com os que com ele costumavam ir e, passando uma ribeira que está além desta Ponta do Sol, traçou uma igreja, em uma ladeira, do apóstolo Santiago».
De São Tiago a
Nossa Senhora da Piedade
Salienta ainda que «o crescimento rápido da população dos Canhas conduziu, pouco depois, à necessidade de construir uma nova igreja, mais ampla ainda, para sede de paróquia. Desconhece-se a data exacta da nova construção. Sabe-se, apenas, pelo I Livro das Visitações dos Canhas, que em 1593, o Visitador ordenou a transferência da Pia Baptismal, da capela de S. Tiago para a nova igreja, localizada no local da actual e que no ano seguinte, o novo Visitador verificou o cumprimento da ordem dada. Foi então que o padroeiro da freguesia dos Canhas deixou de ser S. Tiago, passando a ser Nossa Senhora da Piedade. Em 1726 foi edificada uma nova igreja, no mesmo local, a qual foi destruída pela terramoto de 1748, dando lugar a uma nova construção, que é a actual, benzida a 4 de Março de 1756.
No que respeita ainda à capela de S. Tiago, Henrique Henriques de Noronha, nas Memórias Seculares e Eclesiásticas para a composição da História da Diocese do Funchal na Ilha da Madeira, publicadas em 1722, refere a existência desta capela, dizendo-a instituída por Brás da Câmara. A 24 de Dezembro de 1732, o Bispo do Funchal concedia alvará de erecção da capela a Manuel de Canha, o qual tendo comprado a Rafael Catanho uma fazenda nos Canhas, que a incluía, mandou restaurá-la. Desconhece-se a data em que a capela foi destruída».
Uma festa que
tinha muito esplendor
No livro sobre o primeiro padroeiro da paróquia dos Canhas podemos ainda ler que «a celebração da festa de S. Tiago ocorre, no calendário católico, a 3 de Maio. Não sabemos se em algum tempo a referida festa, na freguesia dos Canhas, teve lugar na data própria. Há alguns anos atrás esta festa revestia algum esplendor e realizava-se uma procissão que descia até o sítio que ostenta o nome do Santo. Depois passou a celebrar-se em conjunto com outras festas, reunindo-se até três no mesmo domingo. A Ditadura Salazarista, propensa a tudo regulamentar oficialmente, publicou, a 24 /05/1950, o Decreto-lei n.º 37.837, que obrigava os Governadores Civis a publicar um edital com as datas dos arraiais e festas religiosas autorizadas. O Governador Civil do Funchal publicou esse edital a 19/10/1950 e nele vem referida a festa de S. Tiago, com a data do 3.º Domingo de Abril.
O Padre Ernesto Silvano de Sousa Jardim, que foi pároco da freguesia dos Canhas de 1987 a 1989, lançou a ideia de construção de uma nova capela dedicada a S. Tiago (Menor), no lugar da antiga, no sítio do mesmo nome, para o que ainda chegou a iniciar-se a recolha de esmolas. A iniciativa, porém, não teve seguimento».
Com esta iniciativa a paróquia dos Canhas presta homenagem ao seu primeiro padroeiro, São Tiago Menor, irmão de S. Judas Tadeu, nascido em Nazaré, filho de Alfeu, irmão de S. José, e de Maria de Cléofas, prima de Maria mãe de Jesus, uma das santas mulheres que acompanharam Jesus ao Calvário, que assistiu à deposição no túmulo e foi testemunha da Ressurreição (Mt 27, 55-56).
Não era um dos 12 apóstolos e não foi discípulo de Jesus durante a sua vida terrena. Foi líder dos judeus-cristãos, na comunidade de Jerusalém e o seu primeiro bispo.
Sílvio Mendes
No comments:
Post a Comment