Friday, June 08, 2007

Cortes e tranquilidade



in JM a 01.06.2007

Mudanças e reajustes alterarão orçamento sem retirar ambição ao líder António Manuel na AD Pontassolense

Cortes e tranquilidade


Jornal da Madeira — Que AD Pontassolense podem esperar os sócios e adeptos na próxima época desportiva, face aos condicionalismos de ordem financeira cada vez mais evidentes, pelos cortes anunciados aos subsídios que são do conhecimento público, não só no futebol como em toda a actividade?

António Manuel — Já há uns anos que as dificuldades são as mesmas, de índole financeira, mas acho que são todas as instituições desportivas e não só a AD Pontassolense. Não sabemos se esses cortes serão a breve prazo, penso que não até porque ouvi um responsável governamental dizer ser um assunto que ainda irá para a Assembleia Regional. Só depois é que saberemos com que linhas nos poderemos coser no futuro. De qualquer modo e ainda bem fica o alerta a tempo e horas porque as pessoas têm de saber para estar realmente preparadas. Não acredito que essas medidas sejam para aplicar já nesta época desportiva, porque os orçamentos são elaborados e…


Jornal da Madeira — Mas não houve nenhuma comunicação do IDRAM, por exemplo?


António Manuel — Não, connosco ninguém falou. Por isso acho que será num futuro próximo mas não a curto prazo. Repare: já nos cortaram as verbas da Federação (15.000 euros) e as coisas vão ficando muito complicadas.


Jornal da Madeira — Insisto, o que é que se pode esperar com esse tipo de condicionalismos?
António Manuel — Vamos ter que reduzir, de certeza absoluta, o nosso orçamento mas tencionamos manter a actividade que vimos desenvolvendo e se possível aumentá-la, principalmente ao nível da formação. Penso que não terá reflexos nas “modalidades”. Obviamente que vamos cortar em coisas que não são tão importantes.


Jornal da Madeira — E o futebol sénior?
António Manuel — Penso que com maior ou menor dificuldade vamos manter a estrutura do plantel se bem que reduzindo-o, procurando fazer um campeonato tranquilo, sem grandes sobressaltos por forma a atingirmos os objectivos que passam sempre pela manutenção o mais rapidamente possível.

JM— Acha que a cobrança será maior pelo que foi conseguido na última época?
A.M — Apesar de termos feito um excelente campeonato na época transacta, conhecemos as contingências do futebol e sabemos que, muitas vezes, a mesma equipa não é possível manter a bitola dois anos seguidos.
Penso que com a manutenção da estrutura e mais um ou dois reforços faremos uma época tranquila. Não nos peçam é para ficarmos no segundo lugar ou para andarmos outra vez em primeiro ou que vá à final da Taça. Não é que não queiramos mas sim porque somos realistas! Penso que habituamos mal os nossos adeptos (risos). Espero que tenham os pés bem assentes na terra.


JM — E a questão do treinador? Já se falou em vários nomes: Jorge Portela, José Dinis, João Luís, Joaquim Mendes, Jorge Amaral. O que há de concreto?
A.M — Como compreende temos recebido muitas ofertas, por parte, principalmente, de empresários e de pessoas amigas. Temos o perfil da pessoa que desejamos mas atendendo aos condicionalismos finnaceiros, teremos de ir com calma, até porque queremos que a pessoa que vai orientar a equipa se identifique com os atletas que irá ter à sua disposição. É um assunto que será resolvido até segunda ou terça-feira, mas sem pressa… Quanto a esses nomes foram realmente falados mas não. Tirámos informações. Penso que será uma surpresa em termos da pessoa. Mas vamos com calma…


JM — Pode-se saber se é madeirense ou continental?
A.M — Queríamos que fosse por várias razões mas se não puder ser…


JM — O Vítor Miguel pode ser a escolha?
A.M — Ele já é da mobília da casa, conhece bem o clube, está, há vários anos, identificado com esta equipa.


JM — Tem o curso?
A.M — Sim, de primeiro nível e já agora aproveito para dizer que não percebo a razão de, na Madeira, não se ter avançado com um curso de segundo nível. É que existe tanta gente à espera! Só no Pontassolense temos uma série de treinadores à espera que a Associação avance!

JM — Voltando ao Vítor (Miguel)?
A.M — Ele já pegou na equipa e num total de três pontos fez sete pontos, logo a seguir à saída do António Luís. Está limitado pela questão anterior mas penso que ele está muito bem integrado na equipa técnica. No futuro e com mais formação será um bom treinador, não podemos é “queimar” o homem, porque ele é experiente, como atleta e até como treinador.

80% é para ficar

JM — E relativamente ao plantel?. Existem mais renovações para além das do Adriano, Zeca e Carlo?
A.M — O Adriano ainda está dependente de um pequeno pormenor mas penso que não haverá problema e até sábado as coisas deverão estar solucionadas. A minha previsão é que cerca de 80% do plantel ficará.


JM — A excelente campanha do Pontassolense serviu para que olheiros e empresários olhassem mais para a equipa. Se calhar não é fácil segurar jogadores como Gleibson, Pires, Calado, entre outros e até o Hugo Gomes e o Rondon que julgo terem contrato.
A.M — É verdade que temos dois ou três casos de atletas que podem ser colocados na II Liga. Existem outros que foram contactados por outros clubes, nomeadamente da Madeira - acho que foram quase todos (risos). Mas o que lhes digo todos os anos é: se for para melhor vão, agora se é para aventuras fiquem onde estão.


JM — O Pires esteve à experiência no Varzim...
A.M — É um excelente atleta, fez uma época notável e é uma excelente pessoa. Tem, à vontade, condições para vingar numa II Liga. Vamos tentar manter o esqueleto, se perdermos um ou outro tentaremos colmatar essas eventuais saídas.


JM — E reforços?. É verdade que o Nuno Pires é hipótese?
A.M — Está fora de hipótese. Temos três atletas contratados
mas só o vamos divulgar na próxima semana.

Saída consensual

“Realizou um bom trabalho no clube é é um técnico com capacidade, apesar de estar no início da carreira. Adquriu mais conhecimentos e tarimba e será melhor no futuro. Desejo-lhe as maiores felicidades no campo humano e profissional”. É desta forma que António Manuel se pronuncia sobre Lito Vidigal. Uma saída, diz, consensual. “O ciclo acabou. Face ao trabalho ele terá objectivos mais ambiciosos e que se calhar não poderíamos garantir neste momento, chegámos à conclusão que era melhor acabar com a ligação. Foi uma decisão de comum acordo. Segue o seu caminho, nós seguimos o nosso. E as coisas esquistas de que falou em entrevista ao JM?. “Terá de perguntar a ele”. Quanto a ter referido que o clube subiria se contratasse alguém em Janeiro, ripostou: “ Acho que de uma equipa que faz um campeonato como o que fizemos há pouco a dizer. Tínhamos um bom plantel, não era de luxo porque não tínhamos meios e se tivessemos construíamos no início e não em Janeiro. E por essa razão o Lito sabia que para entrar alguém teria de haver alguma saída. Mas, acima de tudo, eles demonstraram capacidade para chegar ao primeiro lugar. Se calhar com algum azar pelo meio e pelos adversários que ficaram mais fortes do que no início…”

Madeirenses divididos pelas 4 Séries?

António Manuel diz que alguém lhe assobiou num ouvido “Foi um mosquito que me disse”, e os risos voltaram a ecoar.
Tudo isto vem a propósito de umas eventuais transformaçõe que poderão estar na forja, relativamente à forma de particiapação das equipas madeirenses na II Divisão B.
O presidente da AD Pontassolense quer acreditar serem meras suposições mas, mesmo assim, fala em algo “que lhe está a cheirar”. E como “alguém” já disse que a experiência é um posto, resta termos direito, no mínimo, à desconfiança!
“Não sabemos onde vamos jogar. Infelizmente estamos num país onde, ao nível futebolístico, só se preocupam com a I e II Liga e o resto é paisagem. Até já se fala que as equipas da Madeira e dos Açores sejam divididos pelas quatro séries.
Repare: com quatro deslocações e sem subsídios os clubes continentais vão começar a reclamar e lá teremos nós, outra vez, de pagar essa factura“.

Factos um pouco anormais

Nada convencido apesar de este ser um tema a pertencer ao passado.
O Pontassolense entrou na última jornada da Série A com a esperança de finalizar o campeonato na primeira posição, um lugar que foi seu durante muitas e muitas jornadas. O rival Freamunde distava um escasso ponto dos madeirenses e jogavam em Bragança ante uma equipa que jogava a última cartada no sentido de evitar a despromoção, situação que acabou por se confirmar. O Pontassolense, para aspirar à subida teria de vencer forçosamente o Marítimo B, em Santo António e resolveu a sua parte com uma goleada (4-0). Que não chegaria porque em cima do apito final do encontro o Freamunde marcaria ruindo o castelo de esperanças madeirense.
Questionámos ontem o líder António Manuel a propósito deste episódio e da sua normalidade ou anormalidade e o entrevistado comentou assim o episódio.
“ Vou constatar um facto, as pessoas que analisem e vejam quantos jogos o Freamunde ganhou nos descontos? Pelos dados que tenho, nesse período do jogo, houveram factos um pouco anormais. Se calhar pela postura de determinados elementos dentro do campo. Tínhamos pessoas que estavam lá a ver o jogo e que nos transmitiram essas ideias. As coisas não foram muito normais mas é isso é passado”

Alerta aos cortes camarários

Ao longo da entrevista com António Manuel focámos o corte das verbas da Câmara Muncipal da Ponta do Sol com o dirigente a confirmar e a aproveitar a ocasião para proceder a um alerta.“
“Recebemos 75.000 euros por ano da Câmara e na transição da outra câmara para esta recebíamos 124 mil. É uma redução sigificativa e curiosamente no ano em que tivemos mais resultados, aumentámos o número de atletas e no ano em que criámos a secção de futsal que subiu à I Divisão regional, sinal que o clube com maior ou menor dificuldade tem tido a capacidade de fazer as coisas. Mas chamo a atenção para um pormenor: ou as pessoas começam a pensar que o clube desenvolve uma grande função desportiva e social no concelho e nós poderemos continu
ar a incrementar a nossa actividade ou então vamos ter de começar a cortar em algum dado”. António Manuel diz que cada um define a sua política e que o relacionamento “é bom” com todas as instituições do concelho mas não evitou o prolongamento do aviso. “Já tive oportunidade de dizer às pessoas que muito dificilmente conseguiremos aumentar a nossa actividade se continuarem a existir os cortes. Pelo menos que mantenham ou então que nos apoiem de outras formas. E depois começamos a ficar cansados e a ponderar se realmente valerá a pena a sacrificarmos um pouco a vida profissional e familiar e a termos - em termos financeiros - de prestar algumas garantias.
É bom que as pessoas ponderem porque da maneira como isto vai, qualquer dia não há ninguém para ser dirigente desportivo. E aí o Estado vai ter de assumir a sua função que é o que diz a Constituição. Graças a Deus ainda sei qual é o “artiguinho”! Temos bom relacionamento com todas as instituições do concelho, respeitamo-los e só queremos é que nos respeitem”, frisa.

João Paulo Faria

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