Friday, June 08, 2007

Região gasta mais de 42 milhões de m3 e destaca-se no consumo de água no País



Domésticos são quem mais água gasta; na Madeira, Funchal, C.ª Lobos e Machico são três dos concelhos com maiores indicadores de consumo.

Região gasta mais de 42 milhões de m3 e destaca-se no consumo de água no País


Há municípios com perdas na ordem dos 45%, embora as autarquias destaquem o esforço na renovação das redes de distribuição

in DN a 07.05.2007

Três milhões de m3. Esta é a diferença na quantidade de água comprada pelo Funchal à Investimentos e Gestão de Água (IGA), nos anos de 2000 e 2006.

Actualmente dotada de 49 mil e 600 contadores, a capital madeirense atribui a redução à renovação das redes de distribuição e à utilização de água de regadio na manutenção de grande parte dos jardins públicos.

Ainda assim, a cidade continua a perder 35% da água introduzida na rede, um valor que só é superado pelo município câmara-lobense, com uma percentagem de perdas na ordem dos 45%.

Com o Funchal a liderar no consumo de água, a Região Autónoma da Madeira gasta anualmente mais de 42 milhões de m3 cúbicos, um valor que não contabiliza os consumos da Calheta e de Santa Cruz. A autarquia santa-cruzense alegou "excesso de trabalho" para não facultar os indicadores. Já a presidência da Câmara da Calheta ignorou as sucessivas tentativas de contacto com vista à obtenção dos dados estatísticos.

Depois do Funchal, cujo consumo de água por segundo passou dos mil m3, em 2000, para os 840 mil m3, contabilizados no ano passado, Machico apresenta-se como o segundo município com maior valor de água comprada à IGA e introduzida na rede.

Os números - passíveis de serem consultados no quadro acima publicado - atribuem a Câmara de Lobos o terceiro lugar na lista dos concelhos com maior consumo de água, seguindo-se o Porto Santo, a Ribeira Brava e a Ponta do Sol.

Em todas autarquias, é o consumo doméstico aquele que ostenta os maiores valores indicadores. No Funchal, a percentagem sobe aos 87%, em Câmara de Lobos 60% do consumo é doméstico e o Porto Santo soma mais sete pontos percentuais ao indicador câmara-lobense.

Aos 444 mil m3 consumidos pela câmara e pelas instituições locais, a Ponta do Sol distribuiu mais 534 mil m3 de água no consumo residencial e de serviços. Segue-se a Ribeira Brava, com um consumo doméstico da ordem dos 722 mil m3, e São Vicente, que totaliza 306 mil m3, oito mil dos quais são gastos por instituições públicas.

Redução de perdas acompanha descida no consumo

Comparativamente ao ano 2000, o Funchal gastou, em 2006, menos 3 milhões de m3 de água. A descida nos valores indicadores do consumo de água é comum a todos os concelhos da Madeira e explica-se também, na maioria dos casos, pela redução das perdas na rede de distribuição.

Menos acentuada, a poupança no município de Câmara de Lobos traduziu-se em 700 mil 3 e, no caso da Ribeira Brava, em 259 mil m3.

A excepção vai para os concelhos da Ponta do Sol, Porto Moniz, Santana e Machico, cujo consumo de água aumentou nos últimos seis anos.

Dos 641 mil m3 consumidos em 2000, a Ponta do Sol passou para 1 milhão e 12 m3 comprados à IGA no ano passado. No caso de Santana, os números evoluíram de 732 mil m3 para 1 milhão e 67 mil m3. Dos 130 mil m3, o Porto Moniz passou a gastar 245 mil m3 de água em 2006 e, em Machico, a diferença traduz-se num aumento de 811 mil m3.

Se no caso de São Vicente, a inexistência de contadores não permite à autarquia contabilizar os gastos de 2000, já a IGA vê-se impossibilitada de ceder os dados relativos ao Porto Santo devido a uma actualização do 'software'. Em contrapartida, sabe-se que a ilha dourada consumiu, em 2002, 640 mil m3 de água.

Resta ainda acrescentar que, no concelho de São Vicente, parte da água consumida é captada das 15 nascentes exploradas pela câmara local.

Apesar dos esforços na renovação das redes de distribuição de água, e não obstante a diminuição contabilizada entre 2000 e 2006, a verdade é que os municípios regionais continuam a ostentar valores relevantes de perdas nas redes distribuidoras de água.

Com perdas da ordem dos 35%, dados de 2006, o Funchal procedeu, de acordo com a vereação do Ambiente, a um investimento significativo na substituição das redes de água, algumas das quais tinham já, refere Costa Neves, mais de 70 anos.

Em Câmara de Lobos, as perdas rondavam, em 2006, os 45%, um valor que chegou aos 66,75% no ano de 2006. Para a redução, terá contribuído, segundo a autarquia câmara-lobense, a criação de brigadas de intervenção na rede e a renovação do parque de contadores. Ainda que digno de registo, o esforço das autarquias madeirenses para a melhoria das condições de distribuição de água não impede que o consumo no País continue acima da média europeia, pelo que nunca é de mais lembrar que a inversão deste cenário depende também dos consumidores.

Funchal e Lisboa gastam mais

A capital madeirense foi o segundo concelho com maior consumo global de água, num total de 23,5 milhões de m3 gastos em 2004, contra os 27 milhões consumidos em 2006.

Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), apenas os concelhos da região da Grande Lisboa superaram, em 2004, os índices do Funchal, com 65 milhões de m3 introduzidos na rede.

Em todo o País, o consumo total de água ultrapassou os 655 milhões de metros cúbicos, sendo que cada português gastou uma média de 63,5 mil litros de água da rede pública, o que equivale a uma média de 173,5 litros por dia.

Tendo por base esta análise per capita, é ainda possível concluir que foram os concelhos da Região Autónoma da Madeira os que apresentaram maior valor neste indicador. Classificado como o segundo concelho mais gastador, o Funchal consumiu, em 2006, 840 mil m3 de água por segundo.

Patrícia Gaspar

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