Monday, January 22, 2007

Apenas 1% de hipóteses mas a Taça é jogo especial





in DN a 19-01-2007

Apenas 1% de hipóteses mas a Taça é jogo especial

António Manuel tem uma pequena esperança numa surpresa do Pontassolense em Braga


O Pontassolense joga, domingo, em Braga, para a Taça de Portugal, numa rara oportunidade de defrontar uma equipa do campeonato principal português. António Manuel reconhece o papel de 'David' do seu clube nesta eliminatória, mas, lá no fundo, guarda a (secreta) esperança de um brilharete, de que há exemplos passados, alguns até bem recentes.

DIÁRIO - Como perspectiva o jogo com o Braga?

António Manuel - Acima de tudo, que seja um bom jogo e que o Pontassolense dignifique o clube, o concelho e a Região. Sabemos de antemão que o adversário é de outro calibre, sendo neste momento a quarta equipa portuguesa. Ainda está nas competições europeias e encontra-se recheada de bons valores. Temos de atribuir-lhe o favoritismo quase total. E nós vamos tentar fazer o melhor e no final ver-se-á o resultado. O mais importante é que os nossos jogadores se apliquem como até agora e mostrem o seu valor.

DIÁRIO - Que percentagem de hipóteses de qualificação é que atribui à sua equipa?

A. M. - Para aí 1%. Vamos ver...

DIÁRIO - Mas há a esperança, mesmo que pequena, de que a surpresa é possível...

A. M. - Tem de haver. Se o Braga já tivesse ganho o jogo, nem iríamos para lá. Poupávamos dinheiro e não íamos. Os jogos da Taça são especiais e levamos um pontinha de esperança de que podemos fazer um bom resultado e que podemos ganhar. De qualquer forma, realisticamente, o adversário é superior e detém o favoritismo quase total.

DIÁRIO - Este é o adversário que gostava de defrontar nesta altura...

A. M. - Queríamos que fosse um clube da I Liga. Todos os clubes de escalões inferiores desejam sempre um 'grande', pelo aspecto desportivo e financeiro. Desportivamente, não há dúvida de que era melhor jogar em casa porque não é sempre que os nossos adeptos e as pessoas da Ponta do Sol têm a oportunidade de ver jogar no nosso campo uma equipa da I Liga. Se virmos pelo prisma financeiro, se calhar é melhor jogar em casa do adversário. É um estádio com boa capacidade e boas condições, com muita gente. Como a receita é a dividir, iremos conseguir mais algum dinheiro.

Publicidade de 'borla' ao clube e concelho

A carreira do Pontassolense na campeonato e na Taça tem trazido uma grande mediatização ao clube e ao concelho. "Este ano estamos a ser vistos, no plano desportivo, pelo lado positivo. No passado, quando tivemos dificuldades para nos mantermos, éramos vistos num sentido menos bom". Uma publicidade, acentua, que é feita "de borla" nos órgãos de comunicação social, e traz "divulgação do clube e do concelho". Por isso, deixa um desejo: "Era bom que algumas pessoas entendessem os proveitos desta publicidade para a Ponta do Sol. O que se tem falado do Pontassolense nos últimos meses está ser vantajoso, não só para nós como para o concelho, e é de realçar que cada vez mais pessoas assistem aos nossos jogos e sentimos uma maior envolvência dos nossos adeptos, das pessoas da Ponta do Sol, de outros concelhos e dos que nos visitam vindos de fora da Região. Isso é benéfico para o clube e comércio do concelho. As pessoas têm de entender o alcance deste fenómeno e espero que nos apoiem, tanto as entidades oficiais como as privadas".

discurso directo

Presidente 'assume' a Liga de Honra
A carreira da equipa: "Para ser sincero, nunca me passou pela cabeça terminar a primeira volta em primeiro lugar, com 10 pontos de avanço. Quero realçar todo o trabalho do departamento do futebol sénior, secretários-técnicos, pessoal administrativo, técnicos, atletas, massagistas e departamento clínico. O seu trabalho está a ser extraordinário, em especial, os técnicos e os atletas. Tem sido um ano excepcional em termos de resultados. Mas ainda não ganhámos nada e temos de ter os pés assentes na terra".

A subida de divisão: "Espero que a equipa mantenha a regularidade e o primeiro lugar para podermos disputar o acesso à Liga de Honra. Tudo faremos para que nada falte, com esforço e sacrifício. Com 10 pontos de avanço, no fim da primeira volta, num campeonato com apenas 14 equipas, o primeiro lugar está ao nosso alcance. E se chegarmos à final não vamos entregar os jogos de mão beijada".

Condições para outros voos

As condições para o futebol profissional: "No campo de futebol, se calhar, teríamos de fazer algumas obras, agora na estrutura do clube não temos de pedir meças a ninguém. Conheço alguns clubes da Liga de Honra e não vejo em que é que são superiores a nós nesse aspecto".

O mesmo orçamento

O orçamento: "A carreira da equipa não tem a ver com um maior investimento financeiro. Antes pelo contrário. Já houve épocas em que o esforço foi superior e os resultados ficaram muito aquém do esperado. Desta vez, temos um orçamento equilibrado, mais ou menos, o mesmo valor da época passada. Uma das coisas boas que fizemos foi manter a equipa técnica e o 'esqueleto' da equipa, reforçando-a com atletas de valor inegável que vieram preencher as nossas lacunas. Também reforçámos a infra-estrutura. As coisas têm-nos corrido bem e em tudo tem de haver também um pouco de sorte".

Câmara 'corta' 15 mil euros

A situação financeira: "Os clubes andam sempre à 'rasca', mas lá vamos conseguindo segurar as coisas. Não é fácil e menos será daqui para a frente. Não quero falar da redução do subsídio da Câmara [15.000 euros] porque só falo do que se passa na minha casa. Essa verba é para a toda actividade do clube que tem cerca de 350/400 pessoas envolvidas, com um bom acompanhamento, como é o caso dos iniciados que estão pela primeira vez na fase final do campeonato regional. É óbvio que nos vamos ressentir, mas tentaremos que não se reflicta na situação desportiva. Também se perspectivam reduções nas verbas do Governo, pelo que temos de pensar bem o que fazer no futuro".



Emanuel Pestana

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